terça-feira, 27 de setembro de 2011

Coqueluche: casos da doença dobram no país

Apesar da estatística, não há surto. Confira por que a vacinação é fundamental para evitar que o seu filho fique doente

Você vacinou o seu filho contra a coqueluche? E deu o reforço? Dados do Ministério da Saúde mostram que o número de pessoas com a doença dobrou este ano em relação ao ano passado. Em 2010 foram notificados 291 casos no país e este ano, 583 – sendo 218 só em São Paulo, Apesar, disso, o Ministério reforça que não existe um surto. Fique tranquila. Mas, então, o que justifica esse aumento?

Segundo Jean Gorinchteyn, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (SP), são dois aspectos que levam a essa estatística. “A cada três ou cinco anos, além da condição epidemiológica, ou seja, o ciclo da bactéria, há a questão imunológica – a queda da adesão da vacina”, diz. Para você entender melhor, uma criança que está saindo da infância e entrando na adolescência e não tomou o reforço da vacina, pode até pegar a doença em forma branda, porque seu organismo ainda tem alguma dosagem de anticorpo, mas a transmite a outras pessoas. Isso acontece porque, como não tem característica de coqueluche, o doente continua circulando livremente na escola, na casa dos colegas.

Por isso, além de você manter a vacina do seu filho em dia, você também deve estar imunizado, para evitar passar a doença para ele. A tríplice bacteriana (contra coqueluche, tétano e difteria) está disponível gratuitamente para as crianças nos postos de vacinação, mas, para os adultos, apenas nas clínicas particulares, por R$ 144, em média. Vale lembrar que para que a imunização se complete a criança deve receber todas as doses, aos 2, 4 e 6 meses, com reforços entre 15 e 18 meses e novamente entre 4 e 6 anos. Mas a prevenção deve continuar. Para as crianças que tomaram todas as doses e para os adultos, a vacina deve acontecer novamente a cada 10 anos.

Em maio deste ano, durante o Seminário América Latina sem Coqueluche, que aconteceu na República Dominicana, estudos apontaram um crescimento de 34% de crianças com coqueluche desde 2006. E, novamente, o fator que motivou essa estatística foi a queda da adesão à vacina. "Sabemos que, no Brasil, a cobertura vacinal é de mais de 90% no primeiro ano do bebê e, depois disso, esta porcentagem cai", explica a pesquisadora da Coordenadoria de Controle de Doenças do Instituto Adolf Lutz, da Secretaria de Estado da Saúde de São paulo, Daniela Leite. Apesar de não haver pesquisas completas, a estimativa é de que a cobertura vacinal passe para 80% no segundo ano e se reduza a 50% quando são necessários reforços do imunizante.

Saiba mais sobre a doença

- O que é: causada pela bactéria Bordetella Pertussis, é uma doença contagiosa que se transmite pelo contato direto principalmente nos meses de primavera e verão.

- Sintomas: é caracterizada por espasmos de tosses que podem durar até 30 minutos e se repete muitas vezes por dia. Não apresenta febre, mas pode ter coriza na fase considerada catarral, que costuma aparecer após a primeira semana de contágio.

- Diagnóstico: é feito com exames laboratoriais. No Brasil, todos os casos devem ser notificados ao Ministério da Saúde.

- Tratamento: são receitados antibióticos assim que a doença é confirmada porque, principalmente quando atinge recém-nascidos, pode causar a morte. O índice de letalidade nos bebês é considerado alto: cerca de 10% dos que são contaminados acabam nao resistindo caso o tratamento correto não seja iniciado rapidamente.